Com bike empacotada, fiz um roteiro de 10 dias para conhecer o Rajastão, o maior estado indiano em área. Exatamente o tempo estipulado pela embaixada do Irã finalizar a primeira parte do processo de visto, para que eu possa dar entrada na segunda e definitiva etapa.
Em um trem noturno para Jaipur, a capital do estado, tive o meu primeiro contato com o sistema ferroviário da Índia. Fiquei surpreso com a pontualidade! Me lembrei dos meus tempos de infância quando viajava de trem de Marília para São Paulo. Nunca partíamos ou chegávamos no horário. Sempre atrasado! Os trens indianos que viajei me pareciam ser contemporâneos aos daquela época. Frota antiga, relativamente sujo, mas com certo conforto. Viajei sempre de segunda classe, com poltronas reversíveis que viram cama. Deu para dormir legal e também matar a saudade… eu gosto de ouvir o TUMTUM TUMTUM… que vai perdendo intensidade… tumtum tumtum… a medida que meu vagão vai se afastando da saliência que emite o barulho… tumtum tumtum… até desaparecer…
Mesmo na enorme estação de Deli, foi fácil encontrar a plataforma, assim como o número do vagão e assento. Cheguei meia hora antes do horário, com tempo suficiente para confirmar o esperado. Ratos passeando entre os trilhos, que também servem de latrina, plataformas imundas, muita gente, mau cheiro, confusão e pessoas das mais diversas etnias.
Usei ônibus também. Os noturnos também oferecem cama. Mas sacode mais do que bunda de destaque de escola de samba! Não dá para dormir nada!
Conhecida como a “cidade rosa”, Jaipur foi a primeira cidade planejada da Índia e recebeu o apelido de Paris Indiana. Na verdade não lembra a capital francesa nem de longe e o rosa não é rosa, e sim um tom alaranjado ferrugem, “salmão”, para alguns mais criativos. Regularmente pintada desde a visita do Príncipe de Gales em 1876, Jaipur tem como principal atração o Forte Amber, situado no alto de uma colina com uma bela fachada e boa vista para a cidade. Distante 7 km do centro, a construção impressiona! Erguido no século XVI, o forte abriga palácios, jardins e salas com belos mosaicos. Eu preferi subir as escadarias a pé, mas é possível fazer nas costas de um pobre elefante e chegar no castelo como faziam os marajás da época.
O Templo dos Macacos é outro lugar que vale a visita. Não pelos macacos que podem ser encontrados em qualquer esquina na Índia, mas pela beleza arquitetônica. O Galta Ji, como é conhecido, segue o padrão indiano, sujo e fedido. E tome cuidado com os machos alfas. Eles podem ser são bastante intimidadores ao te ver segurando alguma guloseima como frutas ou amendoins, que são comercializados na entrada do complexo. A entrada é franca, mas cobra-se para fotografar. Eu cheguei a ver uma mãe desesperada com o filho cercado por alguns deles. A dica é fazer esse passeio no final da tarde para fugir do calor e apreciar o bonito pôr do sol.
O Hawa Mahal, ou palácio dos ventos, possui 365 janelinhas que serviam para as mulheres dos marajás e suas concubinas espiarem a cidade, já que não podiam aparecer em público. A fachada é bem interessante e um dos principais cartões postais da cidade. Em estilo Rajput, exagerada em detalhes, assim como a maioria das fachadas da cidade antiga é ponto obrigatório a serem visitados, assim como o Water Palace e o Minarete. São 3 atrações que não levam mais de 10 minutos para conhecer.
Quando for visitar o City Palace, reserve um tempo para se “perder” no comércio da cidade velha. Você vai se deparar com encantadores de serpente, músicos vestidos à caráter, e com um comércio pulsante e confuso. Claro, é Índia! Cuidado para não ser atropelado, não pisar na merda e tenha paciência com os comerciantes insistentes. Se ainda sobrar tempo, você pode conhecer o observatório, o berçário de elefante, um mausoléu, o zoológico e muitas outras atrações de acordo com o seu interesse.
O Templo dos Ratos foi uma das coisas mais bizarras que já vi na vida!
Localizado em Deshnok, próximo a Bikaner, esse santuário também chamado de Karni Mata, foi erguido em homenagem a Deusa Durga, que possui 3 olhos, 8 mãos, e já nasceu adulta. Filha do deus Brahma e Shiva, seria requintadamente bela, com cabelos exuberantes e incrivelmente ornamentada com pérolas, pedras preciosas e ouro. Foi criada como uma guerreira para combater os demônios , É outra história mirabolante da religião hindu, que se você tiver interesse é só “dar um google”. Mas sinceramente é muito para a minha cabeça!
Calcula-se que mais de 20 mil ratos vivem ali, atraindo milhares de turistas de todas as partes do mundo. Fiquei incrédulo ao ver a relação das pessoas com esses animais. Os fiéis, homenageiam a Deusa com oferendas, cânticos, rituais e chegam a beijar o chão, buscando a benção sagrada. Oferecem muita comida para os ratos também. É de embrulhar o estômago! É proibido entrar calçado. Eu calcei sacos plásticos que atraiu vários olhares curiosos como se o estranho fosse eu! kkkk
O vídeo abaixo mostra uma pequena parte de um ritual de uma fiel em homenagem a Deusa Durga no Templo dos Ratos.
Respostas de 6
Tá difícil contemplar a beleza, o mal cheiro está mais forte, você consegue descrever tão bem que estou com nojo! kkkk bjsss
É um lugar especial! Muita coisa para ver e aprender! Admirar e repugnar!
Nossa, dureza, outro mundo. Este bando de rato solto… ta loko!!
Eles são bonzinhos! Não mordem! kkk
Credooooooo!! Que nojooo!!!
Nem fala!