Confira as recomendações do fundador do Clube de Cicloturismo do Brasil, Rodrigo Telles, sobre a melhor escolha da bicicleta para a prática de cicloturismo.
Uma boa magrela e acessórios de qualidade certamente não te deixarão na mão.
Há um velho lema do cicloturismo que diz que a melhor bicicleta para viajar é aquela que você tem. Isso demonstra a simplicidade do cicloturismo, em que não é necessário um grande investimento inicial para começar na prática. Mas esta regra tem um limite, porque não é indicado fazer qualquer viagem com qualquer bicicleta.
Conforme vamos aumentando a complexidade dos roteiros que escolhemos, também se faz necessário um equipamento mais específico. Isso para não termos dor de cabeça de quebras e manutenções excessivas durante a viagem.
Partindo em busca da bicicleta ideal, muita gente pensa em importar uma clássica de cicloturismo europeia, porém ela não é apropriada ao tipo de cicloturismo mais comum por aqui, predominantemente em estradas de terra e terreno muito íngreme. Já uma bicicleta tipo mountain-bike clássica também não é indicada para o nosso cicloturismo, por não fornecer o conforto necessário para longas horas de pedal e por dias seguidos.
Assim, nós criamos o conceito de “Mountain Touring” para o cicloturismo brasileiro. Ou seja, é uma mountain bike personalizada para viagens de bicicleta em terrenos difíceis.
Não há uma bicicleta que seja boa para todas as pessoas em todas as ocasiões, pois há uma infinidade de opções de acessórios e ajustes a serem feitos. Porém, observando a nossa bicicleta e da maioria dos viajantes de longa data, vemos vários aspectos em comum que destacaremos aqui. São vários detalhes, mas cada um tem um porquê.
- Quadro: ideal modelo com furação superior e inferior para adaptação de bagageiro e furação para duas caramanholas;
- Guidão: modelo mais alto para maior conforto;
- Selim: ideal um mais largo e macio que os de competição;
- Suspensão: de boa qualidade para suportar o peso extra da bolsa de guidão e alforje dianteiro;
- Marchas: o ideal é uma relação mais leve para encarar subidas com a bicicleta carregada;
- Componentes– o grupo deve ser de boa qualidade, nem top de linha, nem simples demais;
- Freios– tipo V-brake pela facilidade de manutenção;
- Rodas– tamanho 26” pela facilidade de encontrar peças de reposição. Com aros de boa qualidade e raios de inox;
- Acessórios– espelho retrovisor amplo e plano, descanso lateral reforçado para suportar peso dos alforjes, para-lamas para pneus largos, manoplas e bar ends amplos para melhor apoio, campainha e firma-pés.
O planejamento de uma viagem de bicicleta envolve muitos aspectos, como preparação física, escolha da rota, equipamento, etc. A bicicleta é mais um entre eles, mas com certeza é um dos que merecem mais atenção antes da viagem. Uma bicicleta bem pensada e adaptada para viagens elimina uma série de problemas e preocupações durante a jornada.
Rodrigo Telles é Fundador e Diretor do Clube de Cicloturismo do Brasil, e um dos maiores conhecedores quanto se trata de viagem de bicicleta do país. Engenheiro Elétrico e montanhista, é responsável pela criação e manutenção do site do Clube de Cicloturismo. É colunista da Revista Pedal. Realizou diversas viagens de bicicleta desde 1998, destacando-se: Expedição Titicaca (Bolívia e Peru), Pantanal, Sertão Nordestino, Serra da Canastra (MG), Chapada dos Veadeiros.