Com um clima muito seco, forte calor, longas subidas e poucos estabelecimentos abertos durante o dia devido ao Ramadã, pedalar pela Jordânia nesta época do ano não é nada fácil. No entanto, se você topar o desafio, vai se deparar com um povo hospitaleiro e com paisagem de tirar o fôlego!
Amã, capital da Jordânia, possui cerca de 2 milhões de habitantes, sendo uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo, com referências bíblicas de 1200 a.C., e evidências arqueológicas que datam da Idade da Pedra, 7000 anos a.C.. Construída em meio a colinas que variam entre 800 a 1400 m de altitude, posso dizer que a cidade não é amiga dos ciclistas, com ruas íngremes, motoristas apressados e muitas escadarias. Praticamente monocromática, e com pouquíssimas árvores, no geral é pouco atraente, no entanto, do alto de uma de suas colinas, a vista se expande e a cidade se revela.
Entre Amã e fantástica Petra, optei por pedalar pela estrada 35, mais conhecida como King´s Highway, uma das mais antigas estradas do oriente médio. Sinuosa e ondulada ela cruza algumas das mais belas paisagens do país. Com pouco movimento, a estradas passa por vales colossais, e pequenas cidades e vilas, possibilitando interagir com a simpática população rural do país.
Estamos no Ramadã, época em que os muçulmanos jejuam entre o nascer e o pôr do sol. Com isso, os estabelecimentos comerciais que vendem comida só abrem no final da tarde, me obrigando a viajar mais pesado devido ao estoque de comida e principalmente de água. A temperatura no meio do dia chega perto dos 40°C. Com isso, evito pedalar nas horas mais quentes, dando preferência para as primeiras horas da manhã e o final da tarde. O vento sopra constante, quase sempre na mesma direção, me pegando de lado. Chega a ser engraçado! Do lado que ele chega, refresca, do outro lado sinto a pele arder. O clima de semi deserto é propício para a proliferação de mosquitos . Quando a velocidade diminui nas subidas, sou vorazmente atacado! Nojento!
Tive poucas oportunidades de provar a gastronomia local. Isso só aconteceu em Amã, quando Saeed, meu anfitrião, preparou o Bukhari, um delicioso arroz aromatizado com ervas e especiarias, quase sempre acompanhado com amêndoas fritas, iogurte, salada tipo vinagrete e frango assado ou ensopado. Também comi este prato na casa de um local que me recebeu no final do dia. Hansee, me ofereceu comida e a sala de estar para eu passar a noite. Durante o dia, estou me dando bem, hora com a coalhada, hora com homus, hora com babaganuche. Eles são vendidos em potinhos de 250 gr, tamanho perfeito para uma refeição. Eu adiciono azeite e cebola e como com pão sírio. Rápido, barato e delicioso. Também carrego sempre comigo azeitonas e algumas frutas secas, dando preferência as tâmaras. As frutas também são uma boa opção. Uva, pêssegos, damascos, nectarinas, ameixas, laranjas, maças e peras. Também tem melancia e melão. Todas uma delícia!
No segundo, dos quatros dias que levei na travessia entre Amã e Petra, bati o recorde de acensão ao cruzar dois grandes vales. Foram 2288m de subida em 111,5 km em mais de 12 horas de empenho! Comecei o pedal perto das seis da manhã e acabei depois das 9 da noite, já escuro. Foi um dos dias mais difíceis de toda a viagem!
Geralmente a população local me recebe muito bem! Com destaques para as crianças, que sempre tentam uma aproximação. Quando sou convidado a entrar nas casas, não tenho contato com a parte feminina da família. Mãe e filhas ficam geralmente na cozinha ou em um cômodo isolado. Todos dizem que a Jordânia é um país seguro, com baixos índices de criminalidade. Acho que dei azar, pois minha bandeira do Brasil foi furtada enquanto tentava conexão na internet em um café.
Petra é o maior sítio arqueológico da Jordânia e o principal destino turístico do país. Considerada uma das novas 7 Maravilhas do Mundo, a região abriga ruínas incrivelmente preservadas. Esculpidas nas encostas das colinas em meio a vales, desfiladeiros e cânions, estima-se que sua ocupação data a partir do ano 1200 a.C., sendo dominada por vários impérios.
O ingresso custa cerca de U$ 70, mas vale a pena! No entanto é preciso muita disposição para longas caminhadas debaixo do sol forte! Camelos, jegues e charretes podem ser alugados. Depois de caminhar por um estreito desfiladeiro, o vale se abre em frente ao “Tesouro”, uma das mais lindas construções que já vi na vida! Aquele do filme do Indiana Jones e a Última Cruzada! É de tirar o fôlego! Inevitável não lembrar da musiquinha característica e de algumas cenas do filme, que é um dos meus favoritos! kkk Tam tam ram tam… tan tan ran… tam tam ram tam… tam tam ram tam tam!!!
O passeio segue por encostas incrivelmente esculpidas revelando tumbas, teatros, igrejas! É incrível! Um dos lugares mais especiais que já visitei não só com o Projeto da China para Casa by Bike, mas também em toda a minha vida. Existe a opção de escalar uma grande montanha para chegar ao Monastério, um dos edifícios mais bem preservado da região. Uma longa escada sinuosa de 800 degraus serpenteia o vale e revela detalhes geológicos e vistas pra lá de especiais. Não esqueça de levar água! Uma garrafinha dentro do complexo pode valer 15 vezes mais que o preço cobrado lá fora.
A minha ideia agora é enfrentar o calor para visitar o Mar Morto. Sobe na garupa e vem comigo visitar a região mais baixa da terra, que fica a 400 metros abaixo do nível do mar. De lá, seguimos juntos para a Palestina! Uhuuuu!!!
5 respostas
nossa !!!!!! qt coisa bonita que vc já mostrou mas igual estas esculturas ainda não vi
parabéns pelas fotos e obrigada pela demonstracaes das esculturas
tudo magnifico bjs saudade
É um lugar único mãe! Incrível!! bj
Foi um przer mamis! … bj
Hi Aurelio,
Brilliant, the Kings Hightway. A dream!
Big hug, Ronny!
Very nice road my friend! Hard! but beaultiful!!!