Deixar Petra não foi fácil! Ainda estava viva em minha memória as emoções de conhecer Petra, um dos lugares mais fascinantes que já estive na vida! Manja o sentimento de que você tem que partir querendo ficar? Pois é, era assim que estava me sentindo… e ainda tinha a certeza que meu caminho até o Mar Morto não seria nada fácil! Afinal, teria que cruzar o deserto da Jordânia, com temperaturas acima dos 40°C, com pouquíssimos pontos de apoio, na região mais baixa do planeta, 420 metros abaixo do nível do mar. Tudo isso me deu uma preguiça danada! No entanto, o dever falou mais alto! E lá fui eu… me esfalfando como um burro, ou melhor, como um camelo, em direção a mais um sonho: Conhecer o Mar Morto!
Nas primeiras horas dessa empreitada, depois de passar uns perrengues num sobe e desce danado, com um trecho sem asfalto, peguei um delicioso descidão que me levou de 850 m de altitude para o deserto da Jordânia, já abaixo do nível do mar. Tive a sensação que alguém abriu a porta do forno e esqueceu de fechar! Um bafo quente começou a me açoitar! Ali, depois de poucas horas, tive a certeza que toda o estoque de água que carregava era desnecessário. A água atingiu uma temperatura que depois do primeiro litro, ficou impossível de tomar. Empapuçou, manja? Aí, fui parando os motoristas, que sempre me presenteavam com uma água no mínimo fresca. Com a fase da lua cheia, e o pouco movimento na estrada, adotei a estratégia de trocar o dia pela noite. Acordava as quatro da manhã, pedalava até sete e meia, oito horas, procurava um lugar com ar condicionado para descansar, que geralmente foi posto policial ou de gasolina, e seguia novamente entre seis e dez e meia, onze horas da noite. Com isso, pedalei na maioria do tempo com temperaturas entre 30 e 35°C. Isso mesmo! Essa é a temperatura média do deserto da Jordânia nesta época do ano!
Eu havia pesquisado sobre o Mar Morto e achei fotos incríveis, com estruturas de sal e um mar translúcido maravilhoso. No entanto, não foi com esse senário que me deparei.
É fato que o Mar Morto vem sofrendo drásticas mutações ao longo dos últimos anos e está cada vez mais difícil acessar suas margens. Para se ter uma ideia, sua superfície diminuiu mais de 35% desde 1954. Se continuar nesta toada, ele desaparecerá em menos de 100 anos. Situado na divisa entre Jordânia e Israel, o Mar Morto tem esse nome devido a enorme concentração de sal, que é pelo menos 10 vezes maior que a de um oceano normal, possuindo apenas alguns tipos de arqueobactérias (organismos que habitam ambientes hipersalinos) e algas. Essa concentração vem subindo porque seu principal afluente, o Rio Jordão, vem diminuindo seu desague devido a várias transposições de irrigações feitas pelos governos de Israel e Jordânia nos últimos anos. Ou seja, a evaporação e a diminuição do desague do rio, diminuem a quantidade de água, mas a quantidade de sal continua a mesma! Com essa diminuição drástica, ano após ano ele vem quebrando recordes por ser o lugar mais baixo da terra. Em 1930 ele estava a -390 metros e agora está a – 427 metros abaixo do nível do mar. É praticamente impossível afundar nas águas do Mar Morto devido a combinação entre a enorme quantidade de sal e outros componentes como cloreto de magnésio, cloreto de sódio e cloreto de cálcio. Acontece com seu corpo a mesma coisa quando colocamos uma bola no fundo da piscina. É divertido! O corpo é impulsionado com força para superfície. A água é viscosa, tem cheiro hora de ovo podre, hora de óleo, e a temperatura é super agradável. No entanto, não consegui encontrar as estruturas de sal gigantescas e nem o verde translúcidos de suas águas que vi nas fotos.
Agora estou indo para a tensa fronteira entre a Jordânia e a Palestina. Vem comigo!
2 respostas
Afeeee!!! Que calor!!
Sai logo dai!
Beijos
To saindo daqui para ir para outro deserto!!! O Egito está próximo! kkk