TEMPORADA JORDÂNIA –
EPISÓDIO #1 –
Com um clima muito seco, forte calor, longas subidas e poucos estabelecimentos abertos durante o dia devido ao Ramadã, pedalar pela Jordânia nesta época do ano não é nada fácil. No entanto, se você topar o desafio, vai se deparar com um povo hospitaleiro e com paisagem de tirar o fôlego!
Amã, capital da Jordânia, possui cerca de 2 milhões de habitantes, sendo uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo, com referências bíblicas de 1200 a.C., e evidências arqueológicas que datam da Idade da Pedra, 7000 anos a.C.. Construída em meio a colinas que variam entre 800 a 1400 m de altitude, posso dizer que a cidade não é amiga dos ciclistas, com ruas íngremes de pedras, motoristas apressados e muitas escadarias.
Fiquei hospedado na casa de Saeed Abu, membro do Couchsurfing.com, que foi muito simpático e hospitaleiro, que me apresentou alguns pratos locais e alguns lugares da cidade. Deixo aqui meu muito obrigado ao Saeed. Praticamente monocromática, e com pouquíssimas árvores, no geral é pouco atraente, no entanto, do alto de uma de suas colinas, a vista se expande e a cidade se revela.
O Dinar é a moeda do país e vale mais que o Dólar Norte-americano. 1 Dinar é mais ou menos US$ 1,4. As atrações turísticas costumam ser bem caras. Um albergue em cama coletiva sai por US$ 12, e um prato de comida por aproximadamente US$ 6 em restaurantes simples. Em Petra, por exemplo, que vamos visitar no próximo episódio, o ingresso custa US$ 70.
Entre Amã e Petra, optei por pedalar pela estrada 35, mais conhecida como King´s Highway, uma das mais antigas estradas do oriente médio. Sinuosa e ondulada, ela cruza algumas das mais belas paisagens do país. Com pouco movimento, a estradas passa por vales colossais, e pequenas cidades e vilas, possibilitando interagir com a simpática população rural do país.
Era Ramadã, época em que os muçulmanos jejuam entre o nascer e o pôr do sol. Com isso, os estabelecimentos comerciais que vendem comida só abrem no final da tarde, me obrigando a viajar mais pesado devido ao estoque de comida e principalmente de água. Geralmente como coalhada, homus ou babaganuche, que são vendidos em potes de 250g com azeite e cebola crua picada com pão sírio. Rápido, barato, delicioso e fácil de encontrar. Também carrego sempre comigo azeitonas e algumas frutas secas. As frutas também são uma boa opção. Uvas, pêssegos, damascos, nectarinas, ameixas, laranjas, maças e peras. Também tem melancia e melão. Todas uma delícia!
A temperatura no meio do dia chega perto dos 40°C. Com isso, evito pedalar nas horas mais quentes, dando preferência para as primeiras horas da manhã e o final da tarde. O vento sopra constante, quase sempre na mesma direção, me pegando de lado. Chega a ser engraçado! Do lado em que ele chega, refresca, do outro lado sinto a pele arder. O clima de semideserto é propício para a proliferação de mosquitos, nas subidas, fui vorazmente atacado! Levei 4 dias na travessia entre Amã e Petra, batendo meu recorde de ascensão ao cruzar dois grandes vales. Foram 2288m de subida em 111,5 km em mais de 12 horas de empenho!
Geralmente os locais me recebem muito bem! Com destaques para as crianças, que sempre tentam uma aproximação. Quando sou convidado a entrar nas casas, não tenho contato com a parte feminina da família. Mãe e filhas ficam geralmente na cozinha ou em um cômodo isolado.
Todos dizem que a Jordânia é um país seguro, com baixos índices de criminalidade. Acho que dei azar, pois minha bandeira do Brasil foi furtada enquanto tentava conexão na internet em um café. É o preço de se pedalar sozinho. Vou conectar e quem fica olhando a bicicleta lá fora?