Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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Cicloturismo na Jordânia – Estratégia para cruzar o deserto da Jordânia entre Petra e o Mar Morto

TEMPORADA JORDÂNIA –

EPISÓDIO #3 –

https://youtu.be/kL1xcVYhkqA

Deixar Petra não foi fácil! Ainda estava viva na memória as emoções em conhecer um dos lugares mais fascinantes que já estive, e ainda tinha a certeza que meu caminho até o Mar Morto seria no mínimo desafiador! Afinal, teria que cruzar o deserto da Jordânia, com temperaturas acima dos 40°C, com pouquíssimos pontos de apoio, na região mais baixa do planeta.

Tudo isso me deu uma preguiça danada! No entanto, o dever falou mais alto! E lá fui eu, me esfalfando como um um camelo, em direção a mais um sonho: O Mar Morto!

Depois de passar uns perrengues num sobe e desce danado em um trecho sem asfalto, peguei uma deliciosa descida que me levou de 850 m de altitude para o deserto da Jordânia, já abaixo do nível do mar. Tive a sensação que alguém abriu a porta do forno e esqueceu de fechar! Um bafo quente me açoitou, causando uma sensação de sufoco, dificultando bastante a respiração. Ali, depois de poucas horas, tive a certeza que toda o estoque de água que carregava era desnecessário. A água atingiu uma temperatura que depois do primeiro litro, ficou impossível de tomar. Imagina você fervendo de calor, tendo que tomar água quente… Empapuçou, manja?

Aí, fui parando os motoristas, que sempre me presenteavam com água fresca.

Com lua cheia, e o pouco movimento na estrada, adotei a estratégia de trocar o dia pela noite. Acordava as quatro da manhã, pedalava até 7 -8 h, procurava um lugar com ar condicionado para descansar, que geralmente foi posto policial ou de gasolina, e seguia novamente entre 6h e 10 – 11h da noite. Com isso, pedalei na maioria do tempo com temperaturas entre 30 e 35°C.

O ponto negativa dessa estratégia foram os pontos de checagem militares a cada 20 km. Fui parado em todos e obrigado a abrir todos as bolsas. Ainda bem que minha empreitada solo causou admiração e despertou a solidariedade dos soldados, que sempre ofereciam, água geladinha, suco, refrigerante e alguma coisinha para beliscar.

Ao pesquisar sobre o Mar Morto, achei fotos incríveis, com estruturas de sal gigantescas e um mar translúcido maravilhoso. No entanto, não foi com esse senário que me deparei. É fato que o Mar Morto vem sofrendo drásticas mutações ao longo dos últimos anos e está cada vez mais difícil acessar suas margens. Sua superfície diminuiu mais de 35% desde 1954. Se continuar assim desaparecerá em menos de 100 anos.

Situado na divisa Jordânia/Israel, o Mar Morto tem esse nome devido a enorme concentração de sal, possuindo apenas alguns tipos de arqueobactérias e algas. Essa concentração vem subindo porque seu principal afluente, o Rio Jordão, vem diminuindo seu desague devido a várias transposições de irrigações feitas nos últimos anos. Ou seja, a evaporação e a diminuição do desague do rio, diminuem a quantidade de água, mas a quantidade de sal continua a mesma! Ano após ano, ele vem quebrando recordes por ser o lugar mais baixo da terra. Em 1930 ele estava a -390m e agora está a – 427m abaixo do nível do mar.

É praticamente impossível afundar no Mar Morto devido a enorme quantidade de sal e outros componentes como cloreto de magnésio, cloreto de sódio e cloreto de cálcio. Acontece com o corpo a mesma coisa de quando colocamos uma bola no fundo da piscina. O corpo é impulsionado com força para superfície. Sua água é viscosa, tem cheiro hora de ovo podre, hora de óleo, e a temperatura da água é super agradável. No entanto, não consegui encontrar as estruturas de sal gigantescas e nem o verde translúcido de suas águas.

 


 

A viagem ao redor do globo continua. Suba na garupa e venha comigo nesta aventura!

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