Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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Que saudade do conforto lá de casa!

De Miena, que fica bem no centro da Tasmânia, pedalei para o norte até Deloraine me deliciando com o vento me empurrando e uma espetacular descida de 30 minutos com lindos visuais. O sol ajudou a espantar um pouco o frio.

Lago em Miena ( 1000m de altitude).
Lago em Miena ( 1000m de altitude).

De Deloraine segui para leste, passando por Launceston e Sccotsdale até chegar ao litoral em St. Helen. Neste trecho o vento soprou contra, enfrentei duras colinas e poucos pontos de apoio, me forçando a aumentar a carga com suprimentos e dormir em barraca.

Eu não vejo problemas em dormir em barraca, para falar a verdade eu até gosto. Contato direto com a natureza… Sabe como é?! Mas e o banho? Os lenços umedecidos quebram um galhão… O duro mesmo é sair da barraca de madrugado com um frio de rachar para ir ao banheiro… Quando é para fazer o n° 1 tudo bem… Agente só treme um pouco de frio e depois volta correndo para o saco de dormir (no meu livro Noruega by Bike, conto um episódio em que desmaiei e despenquei de um barranco  quando fechava o zíper das calças logo depois de fazer xixi)… Mas para fazer o n° 2… Putz!! Aí incomoda! Pega a lanterna e sai à procura de papel higiênico no meio da bagunça dentro da barraca… ufa, achei! Veste um casaco mais forte (nunca sabe o tempo que isso vai durar), gorro, calças, coloca o tênis e sai com a lanterna procurando um lugar razoável…

Na maioria das vezes uma pequena inclinação no terreno já ajuda a se manter equilibrado e um pouco mais confortável na posição agachado. Se o terreno for plano, lá vai eu com a lanterna na mão procurar duas pedras para colocar nos calcanhares ( isso ajuda a se manter equilibrado e é muito mais confortável)… Aí pronto! Abaixa as calças, afasta os pés ao máximo para não “melar” o tênis, lembrando que o rolo de papel está no bolso da jaqueta e a lanterna na mão ou presa na testa (dependendo da urgência você pega a primeira que encontra). Nesta hora o frio já começa a incomodar e a única coisa que agente pensa é terminar logo! Aí a coisa vai indo… e depois de pouco tempo as articulações de joelho, tornozelo e quadril começam a fadigar ( não se esqueça que pedalei o dia inteiro)… aí tentamos acelerar o processo… Pronto, terminou a primeira parte! Com cuidado, para evitar surpresas e melecas, o ideal é mudar de posição para se limpar… não muito longe, já que vou usar a “obra prima” como cola para o papel higiênico usado não voar. Pronto… já estou limpo e o desafio agora é buscar uma pedra grande para esconder a sujeira. Dependendo das condições, boto fogo no papel higiênico…

De volta ao saco de dormir… pego mais um lencinho umedecido para limpar as mãos, tiro as roupas, apago a lanterna, ajeito o travesseiro feito com o restante das roupas que carrego, e pego no sono, feliz da vida, pensando que não tem MERDA nenhuma nesse mundo que vai me fazer parar de pedalar em busca do confortável banheiro lá de casa!

 


 

A viagem ao redor do globo continua. Suba na garupa e venha comigo nesta aventura!

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