Para ter uma ideia do tamanho da Rússia, pense no seguinte: O fuso horário entre Moscou e Brasília é de 6 horas. Dentro do território russo são 8 horas de fuso! Se adicionarmos Kaliningrado, um território russo entre a Polônia e a Lituânia, no mar Báltico, sobe para 9 fusos. A Rússia ocupa 1/9 da área terrestre. É enorme! E é claro que não se pode conhecer tudo de bike.
Eu escolhi um roteiro entre as duas cidades mais visitadas do país: Moscou – St. Petersburgo.
Os 3 primeiros dias de pedal foram extremamente chatos. Meu GPS não me oferece alternativas de rotas e eu não consegui achar um mapa do país que não fosse em cirílico. Pedalei em uma estrada movimentada, barulhenta, entre um corredor de floresta de coníferas que encobria o horizonte.
Vista limitada, templo nublado, vento contra, relevo ondulado. Fui vencendo os quilômetros sem muita empolgação usando o excelente acostamento da via. Quase não fiz fotos. Pois não havia nada interessante para isso além de umas casas abandonadas com fachadas interessantes. Uma igreja aqui, outra ali.
O legal que fui encontrado anfitriões pelo caminho. Acampei apenas uma vez, nos outros dias fiquei na casa dos locais, me infiltrando na cultura e quebrando o preconceito de que os russos são frios e não sorriem. Tudo bem que eles não são como nós, mas estão longe de ser aquele ser gélido, sem emoções, que os norte-americanos nos enfiaram goela abaixo.
Em Vyshny Volochyok, me encontrei com Alex, um membro do Warmshowers que mora em Moscou. Ele veio pedalar comigo por dois dias. Aí foi legal! O tempo abriu e a temperatura subiu. Viajamos quase 200 km em dois dias por estradas secundárias, entre florestas, lagos, rios e vilarejos.
Almoçamos com sua família em uma típica casa de campo onde passamos a noite entre seus familiares. Fui convidado para tomar um banho russo, ou banya. Algo parecido com uma sauna rústica. Relaxante e revigorante, comum em todas as casas de campo do país. Comida típica e deliciosa! Com destaque para o pimentão recheado de café da manhã. Um pimentão suave, que também é servido crú como salada. Fácil digestão. Quando como pimentão no Brasil, fico “conversando” com ele o dia todo. Com o pimentão russo não rola esse “bate-papo”.
Nesta época do ano as macieiras estão carregadas, e é possível achar vários tipos de frutas na beira da estrada. Morango silvestre, framboesa e vários tipos de “berries”.
No final do nosso segundo dia de pedal, nos encontramos com Alexey, outro membro do warmshowers que mora em uma pequena cidade chamada Bologoye. Ele também possui uma casa de campo onde fomos passar o dia com sua família. Churrasco e banya! Mais um dia perfeito.