Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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A incrível hospitalidade dos turcos!

Em uma escala que criei para avaliar a hospitalidade dos 30 países que visitei até agora, tenho no topo do ranking a Coréia do Sul, Taiwan e Mongólia, seguidos pelos russos e australianos. Os critérios de avaliação são simples: hospitalidade e solidariedade espontânea.

Estou a menos de uma semana na Turquia, o 31° país visitado, mas já estou convicto que os turcos irão ficar entre os mais bem avaliados.

Desde o momento em que Eric, Marc e eu cruzamos a fronteira, recebemos seguidas demonstrações de solidariedade e hospitalidade. Seja através do chai, ou simplesmente chá (bebida mais popular do país), de um delicioso salgadinhos, ou até mesmo um lugar para passar a noite, os turcos não perdem a oportunidade de demonstrar que aventureiros como nós, somos muito bem vindos.

Nas paradas de descanso, várias vezes tivemos que tomar 3 ou 4 copos de chai antes de conseguir partir. Todos querem oferecer um agrado. O chai faz parte da cultura do país assim como o nosso cafezinho. Não importa a hora do dia, toda hora é hora de tomar um.

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O chai é a bebida mais apreciada na Turquia, sempre servidas nesse típico copinho.
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Grupo de locais demonstrando hospitalidade em um típico bar de chai nas ruas de Kesan, Turquia.

É comum grupos de homens se juntarem ao nosso lado para tentar um diálogo. Quase sempre com sinais, conseguimos nos comunicar de maneira satisfatória. Os turcos estão sempre sorridentes e sempre demonstram carinho de alguma forma.

Logo no primeiro dia no país, um casal nos parou perguntando se estávamos precisando de ajuda. Tudo através de mímicas ou palavras isoladas em inglês. A nossa ideia era acampar em um parque na entrada de Kesan, e quando revelamos a nossa intenção, rapidamente ligaram para alguém que falava inglês. Não demorou 5 minutos, e veio até nós um funcionário do parque, todo sorridente, e nos guiou até o local que poderíamos armar as barracas. Deixou o banheiro do parque aberto durante a noite. Sempre com um sorriso no rosto!

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Acampamento no parque da cidade de Kesan, Turquia.

No outro dia, já quando deixávamos a cidade, o mesmo homem que agilizou a nossa pernoite, nos parou e nos convidou para tomar um chai. Aceitamos o convite. Afinal é assim que nos infiltramos na cultura local. Ele nos levou a uma casa de chai tradicional onde vários amigos se encontram durante todo o dia. Um lugar onde a rotatividade de pessoas é grande. Tem sempre alguém chegando… e cada um que  chegava nos oferecia um copo da bebida, um salgadinho quentinho, um refrigerante… E o papo foi rolando… Só conseguimos sair da cidade depois das 14h.

Quando chegamos em Gelibolu, no final da tarde de um dia chuvoso e frio, paramos em mais uma casa de chá, bem ao lado do porto onde pegaríamos a balsa para Cardak. Quando fiz a pesquisa na internet, vi que o tempo não mudaria nos próximos dois dias e foi fácil convencer meus amigos que ficar na cidade e esperar o tempo melhorar seria a melhor opção. Com isso, nosso desafio passou a ser um lugar para passar as noites. Era senso comum não gastar com acomodação nesta perna da viagem até Istambul. Naturalmente atraímos a atenção dos locais que se organizaram na função de tentar nos ajudar. Um deles, me colocou em uma caminhonete e me levou a um ponto do outro lado da cidade onde poderíamos acampar. O lugar ficava exposto ao vento que soprava forte e gelado. Eu e meus amigos estávamos buscando uma cobertura onde pudéssemos passar a noite secos. De volta ao café, decidimos por nós mesmo, procurar um lugar mais apropriado, que nos desse o mínimo de conforto, já que passaríamos 3 noites na cidade. Conseguimos achar uma imensa cobertura na parte de trás de um museu de tratores. É claro que no primeiro dia, até pelo horário, não pedimos autorização. Estávamos apreensivos com o que poderia acontecer na manhã seguinte. O desfecho foi até meio engraçado! Eu estava na rede e meus amigos dormiam no chão. Já estávamos acordados quando um funcionário apareceu. Foi legal ver sua feição mudando de acordo com que ele ia compreendendo o que estava acontecendo… Primeiro fez uma cara de poucos amigos… tipo… o que vocês estão fazendo aqui? Depois viu as bikes, percebeu que éramos estrangeiros, e foi abrindo um sorriso, tímido é verdade. Deu meia volta e voltou pelo mesmo lugar que chegou…

Começamos então a levantar acampamento. Passou 5 minutos e o funcionário estava de volta, com 3 xícaras de chá e 3 pães… kkk. Todos rimos e o clima de descontração se estabeleceu. Dormimos as 3 noites nos fundos do museu e pela manhã, sempre as 10 e pouco, aparecia nosso amigo com as xícaras de chá.

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Marc e Eric tomando chá nos fundos do museu de tratores onde passamos 3 noites em Gelibolu, Turquia.

Num outro dia, paramos em uma pequena cidade chamada Guvemalani e gentilmente nos autorizaram a acampar do lado de fora de uma mesquita. Como a fome era grande e o frio e o vento nada gentis, resolvemos jantar em um restaurante antes de levantar acampamento. Nessa hora, uma chuva forte caiu. Adotamos então a estratégia de nos mantermos secos e aquecidos até a hora do restaurante fechar, e só então aprontar o acampamento. O dono do restaurante, que já havia demonstrado toda sua hospitalidade traduzindo o cardápio e nos oferecendo mel e pão, se solidarizou conosco, e foi até um café ali perto, pedir ao amigo proprietário, um lugar dentro da sua varanda onde pudéssemos passar a noite. A varanda tinha uma cortina de plástico que protegia mal e porcamente do vento, mas para nós, o chão seco já era uma maravilha. O dono do café num primeiro momento disse que poderíamos passar a noite ali, sem nenhum problema, mas teríamos que esperar mais uma hora e meia até o café fechar. Legal! Já tínhamos um lugar seco e wi-fi. Acontece que nessa hora e meia, muitos dos frequentadores do café, sempre homens, vieram até a gente para tentar um diálogo. Entre risadas, mímicas e mais chai, Eric, Marc e eu, conseguimos cativar não só os clientes, mas também o dono do café que acabou nos convidando para passar a noite dentro do estabelecimento. Deixou a chave conosco, e de quebra encheu a lareira de madeira que nos aqueceu a noite toda.

Na manhã seguinte, perdi as contas de quantos chai tomei! kkk

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Café onde passamos a noite em Guvemalani, Turquia

 

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Eu e um amigo agricultor que fez questão de me oferecer um chá em sinal de boas vindas. Guvemalani, Turquia.

Para confirmar a hospitalidade dos turcos, ainda teve a história do zelador de um condomínio de casas de praia que nos permitiu acampar no gramado da quadra de vôlei. O soldado que me guiou pela cidade de Gelibolu em busca de uma casa de câmbio e foi meu intérprete na aquisição de um chip de telefone local e vários outros pequenos gestos.

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Acampamento na quadra de um condomínio fechado em Korukoy, Turquia.

Para completar, já em Istambul, fomos muito bem recebidos por Oz Gun, membro do warmshowers, que irá nos hospedar por alguns dias.

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Istambul, Turquia.
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Istambul, Turquia.

 

 

 

 


 

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Respostas de 4

  1. Hoje o Thomas lembrou de você e comentou que sua perna deve estar dura como chumbo de tanto pedalar e muito magrinho de tanto esforço. Não é o que está parecendo nesta foto com o amigo agricultor. A hospitalidade culinária deve estar muito boa, né? Bjssss

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