Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

BLOG

Pedal entre a Capadócia e o Mediterrâneo

Antes de deixar a Capadócia, Eric e eu fomos até a escola onde Semih (dono da chácara onde ficamos hospedados) é diretor, dar uma palestra sobre nós e a nossa viagem. Visitamos 3 salas de aulas e conversamos 40 minutos em cada uma delas. Gostamos bastante! É legal ver como os adolescentes se interessam por uma aventura como a nossa!

IMG_6613
Eric e eu recebendo presentes após palestrar em uma das salas de aula do colégio onde Semih é diretor. Nevsehir, Turquia.

O pedal entre a Capadócia e Mersin, cidade com cerca de 1 milhão de habitantes situada as margens do Mar Mediterrâneo, onde estou agora, foi sem dúvida o trecho mais legal da minha viagem na Turquia se tratando de visual. Finalmente a monótona paisagem de plantações de trigo deu lugar a uma região de montanhas rochosas com picos nevados, florestas de pinheiros, vales e plantações frutíferas. Claro que com isso, tive que me superar escalando seguidas montanhas, geralmente com vento contra. Mas no entanto, no final desse trecho, me deliciei com uma longa descida com mais de 1300 metros de desnível. Os trechos mais complicados em relação ao trânsito foram entre as cidades de Ulukisla e Pozanti (estrada D750), e entre Tarsus e Mersin (estrada D400). O restante, foi relativamente tranquilo.

IMG_6619
As montanhas ao longe anunciam longas subidas e belos visuais. Estradas da Turquia.
IMG_6621
Ao fundo, em meio ao vale, a cidade de Nigde. Turquia.
IMG_6623
Passo Kolsuz Geçidi, 1490 m de altitude. Turquia.
IMG_6628
Passo Çaykavak – 1600 m de altitude. Turquia.
IMG_6639
Lá vai eu morro acima! Turquia.
IMG_6641
Cidade de Akçatekir, Turquia.
IMG_6648
Passo Kandilsirti Geçidi, 1370 metros de altitude. Turquia.
IMG_6652
Recuperando o fôlego… e aproveitando a vista. Montanhas da Turquia.

Sem o meu companheiro Eric, e com uma notícia triste e preocupante vinda do Brasil, procurei manter o foco e seguir com o mesmo padrão que adotei desde o primeiro dia de viagem na Turquia. Não ter hora para levantar, tomar um café da manhã reforçado, fazer várias paradas e interagir com os locais, estar seguro com as provisões (água e comida), e contar com uma mistura entre estratégia e sorte para conseguir um lugar seguro para passar a noite.

 

Quando cheguei em Tarsus, já quase ao nível do mar, parei em um Café, no shopping da cidade. Precisava de conexão wi-fi para avaliar as condições do clima e fazer contato com os membros do warmshowers (site de hospedagem para ciclistas). Nessa hora, vieram conversar comigo 4 meninas. Gonul, Ezgi Su, Helin e Mirar, todas com 12 anos. Chegaram timidamente, com certa dificuldade em falar inglês pela falta de prática, já que possuíam um bom vocabulário. Aos poucos, foram se soltando e iniciamos um diálogo que resultou em presentes gastronômicos da região. Fiquei um tanto quanto emocionado com a ação das meninas que garantiram o meu jantar, e é claro que fiz uma conexão inevitável com minha filha. A saudade bateu forte naquele dia! Felizmente consegui conversar com minha filha Ana Laura algumas horas depois, aproveitando a conexão de wi-fi de um outro Café, dentro das dependências de uma mesquita onde passei a noite. As meninas se foram, contentes da vida, assim como eu, que fiquei nas mãos de Hookah, um simpático estudante universitário que acabara de chegar de um passeio de bike com seus amigos.

IMG_2772
Gonul, Ezgi Su, Helin e Mirar me presenteando com guloseimas local. Tarsus, Turquia.

Um turco apaixonado por bicicletas, encontra um estrangeiro dando a volta ao mundo de bike… Não deu outra! Hookah foi logo abrindo o leque e mostrando a típica hospitalidade turca. Antes de sairmos em busca de um lugar para eu passar a noite, fez questão de me pagar um café enquanto ligava e mandava recados para os amigos tentando achar um canto para mim. Como não teve sucesso, não desistiu… saiu pedalando comigo e depois de 3 tentativas, conseguiu convencer o Imame (pregador no culto islâmico), a me deixar acampar no jardim da mesquita. Antes de partir, me ajudou a levantar acampamento e ainda ficou comigo mais um tempão, conversando, tomando chay e comendo sementes de girassóis com mais alguns locais.

Foi uma noite segura e tranquila! E a primeira, desde que desembarquei em Moscou em agosto do ano passado, que não precisei do meu saco de dormir. A noite estava incrivelmente agradável!

No outro dia de manhã, Hookah foi me pegar na mesquita e fomos juntos provar uma das maravilhas gastronômicas da região. O hommus (pasta de grão-de-bico) é um dos pratos mais apreciados dessa região, e aqui leva uma porção extra de Pastirma (carne salgada e seca ao ar livre). Foi um dos pratos turcos que mais apreciei até agora! Sensacional!

Já em Mersin, fui super bem recepcionado por Nuzhet. Professora universitária, amante da bicicleta e envolvida em causas sociais, Nuzhet me levou para conhecer uma comunidade nômade de criadores de ovelhas que habitam as montanhas próximas a Mersin. Querida por todos, Nuzhet ajuda a organizar o festival anual da comunidade que acontece no próximo final de semana. Formada por apenas 16 famílias, essa minúscula comunidade que corre o risco de extinção, recebe mais de 2000 convidados todos os anos. Além de presenciar a reunião de organização, visitamos e jantamos na casa de um dos líderes da comunidade. Esse encontro foi mais um momento muito especial da minha jornada.

IMG_6672
Nuzhet com as crianças nômades. Região de Mersin – Turquia.
IMG_6687
Emocionante jantar na casa de uma família nômade na Turquia.

Ainda fico em Mersin por mais alguns dias antes de seguir para Antália, a última região que irei visitar na Turquia. Fique ligado e aguarde novidades! Em breve vou anunciar meu próximo destino! Deixe um comentário com o seu palpite! O primeiro que acertar ganha o direito de pedalar 15 dias comigo em qualquer parte do meu roteiro. Só serão válidos os palpites postados no blog! (No facebook NÃO VALE!!!!!) Ahhh! A viagem será custeada com seu próprio recurso, é claro! kkkk

Obrigado pelo carinho! Não desse da garupa!

 

 

 

 


 

A viagem ao redor do globo continua. Suba na garupa e venha comigo nesta aventura!

DA CHINA PARA CASA BY BIKE, compartilhando a viagem enquanto ela acontece! Toda quinta-feira um novo episódio com dicas, curiosidades e o dia a dia de uma VOLTA AO MUNDO DE BICICLETA.

Obrigado por me seguir!

Gostou desta postagem? Então curta, comente e compartilhe!

Seu envolvimento me ajuda a manter a motivação!

Você pode colaborar com este projeto ajudando e incentivando, clique no botão abaixo e conheça minha campanha de financiamento coletivo, na plataforma APOIA.se, as recompensas começam a partir de R$8,00 por mês.

Respostas de 16

  1. Ahhhh amigo…queria estar nessa experiência gastronômica com vc!!!!! Aproveita por nós que estamos na garupa. Tira mais fotos dos pratos…da vegetação local…bjssss

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

15 − cinco =