Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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Minha contribuição a família Tanuri

Desde o dia em que decidi dar a volta ao mundo de bicicleta, a ideia de conhecer o Líbano passou a ser vista quase como obrigação! Não só pelos sabores incontestáveis da sua gastronomia, mas também como uma ótima oportunidade de tentar restabelecer contato com o ramo da família que ficou por aqui.

Na minha empreitada em busca de um ramo longínquo da árvore genealógica dos Tanuris, consegui encontrar algumas evidências claras que realmente meus avós saíram desse lugar, e que os Tannourys que encontrei aqui em Baskinta, são realmente parentes distantes. No entanto, ainda é preciso mais investigações, pois alguns pontos não se conectam e a verdade se perde em meio a algumas variáveis.

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Nas estradas do Líbano. Monte Líbano.
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Chegando em Baskinta, terra dos meus antepassados. Líbano.

Chegar em Baskinta de bicicleta não é nada fácil! A cidade fica 1300 metros acima do nível do mar, apenas 50 km de Beirute na região de Monte Líbano. Mais precisamente aos pés da montanha Sannine, um badalado ponto de ski na estação de inverno.

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Mount Faraya, Monte Líbano, região de Baskinta.

 

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Baskinta cercada pelo Mount Sannine. Monte Líbano.
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Igreja de Baskinta. Líbano.
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Igreja de Baskinta, Líbano.

Com estradinhas estreitas e sinuosas serpenteando os morros, combinada a agressividade dos motoristas, pedalar no Líbano é uma aventura! Nas estradas secundárias é um pouco mais seguro, mas se paga caro com as inclinações doloridas de subidas intermináveis. Amenizadas apenas com meus pensamentos, tentando conectar histórias, lembrando dos meus avôs e imaginando como seria esse encontro, caso ele houvesse. Tenho pego dias lindos no Líbano. Só no dia que cheguei em Baskinta peguei chuva! Era meu avô mandando sinal de fumaça! kkkk Ele ficava bravo quando o homem do jornal dizia que o tempo estava bom e que iria fazer sol! Para ele, que tinha intimidade com a terra, tempo bom era chuva! kkk Lembrei dessa história quando começou a chover. Meu olho choveu também! Gostoso! Cheio de saudade e lembranças boas!

Meu contato na região era com Micho Saliba, da cidade de Bteghrine (950 m de altitude), 10 km de Baskinta. Fiz contato com ele através do Couchsurfing. A família se organizou rapidamente e logo no dia seguinte fomos procurar meus parentes.

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A sorridente Tina, Sra. Abriza Yolla, mãe dos irmãos Micho, Naji e Nadin. Bteghrine, região de Baskinta. Líbano.
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Muito bem tratado pela família Saliba. Bteghrine. Líbano

Laurice e Joseph foram os dois primeiros parentes que conheci. Com a ajuda do prefeito da cidade de Baskinta, que trouxe o livro de registro de migração com anotações em Árabe, começamos a buscar os nomes dos meus Bisavós.

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Prima Laurice com o livro de registro de migração de Baskinta, Líbano.

 

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Joseph, Laurice e eu, formalizando o grau de parentesco. Casa da família Tannoury. Baskinta, Líbano.

A princípio, pensei ser um livro de registro de migração, com os nomes dos que deixaram Baskinta. E aí surgiu o primeiro questionamento. No Livro, encontramos Mahfud e Nur (Afonso e Leonor Tannoury- único casal com esses nomes que migrou para o Brasil em 1910). Até ai tudo bem! Mas o quê o nome do meu Tio Avô, Camillo (Jamil em árabe) estava fazendo ali? Ele é o filho mais velho de seis irmãos nascidos todos no Brasil, entre eles meu Vô Luiz (1922), pai da minha mãe, que também se chama Leonor (1945). O Tio Camillo nasceu em 1914. Meus bisavós migraram em 1910. Minha cabeça rodava com a quantidade de perguntas que ficavam sem respostas dos dois lados… Eu não conseguia responder 99% das perguntas que eles me faziam… e eles menos ainda, das quais eu perguntava! E ainda havia a dificuldade da língua. Depois do árabe, o idioma mais falado por aqui é o francês. Dei muita risada neste processo, mas estava de alguma forma ansioso, nervoso! Inquieto, esperando a confirmação. Entendi então, que o livro não era um registro de migração simples. Ele trazia dados e informações atualizados de tempos em tempos. Alguém soube que meu Tio Camillo havia nascido e é por isso que o nome dele também estava no livro.

Bingo! Estava na pista certa!

Para confirmar a história, os Tannourys de Baskinta são vizinhos da família Akuri e Karam, todos primos na verdade (com algum grau de parentesco), que migraram juntos para o Brasil. Aliás, é fato que minha bisavó tinha o sobrenome Karam. Estava escrito no livro! Me disseram que o Sr. Luis Akuri, pai do meu amigo Beto Akuri, de Marília, minha cidade natal e de muitos membros da minha família, esteve por aqui num passado não tão distante e tudo mais… Entre uma informação e outra, surgiu o nome da família Dau (Daou), sobrenome do tio Fahim, casada com a Tia Luiza, irmã do meu avô. Soube que ele se correspondia com cartas escritas em árabe com alguém daqui, mas ninguém soube precisar com quem. Isso sem falar nos trejeitos e narizes que de alguma forma confirmava o grau de parentesco! kkkk A torcida era tanta, que me perguntava se eu estava vendo coisa! kkk Nas fotos abaixo estão minha irmã Alessandra e minha prima Lina. Vocês conseguem ver alguma familiaridade nas duas? Ou eu estou ficando louco?

A história ia se confirmando e eu me emocionava a cada descoberta! A cada nome especulado! Fiz o vídeo que postei no facebook ainda muito emocionado. Minutos depois que me convenci que depois de 100 anos, estava conseguindo conectar dois ramos da árvore genealógica dos Tanuris (Me permitam adotar a escrita do meu nome). Clique aqui para ver o vídeo.

Bom, mas acontece que chegou a um ponto onde algo não fez sentido. Segundo o livro de registro, meu bisavô tinha um irmão chamado Sader que também foi para o Brasil. E para os Tanuris de Baskinta, Sader era realmente irmão de meu bisavô, mas eles acham que ele ficou no Líbano, ou que talvez tenha voltado do Brasil tempos depois. É fato, se a história se confirmar, que, esse ramo da família que encontrei descende diretamente de Sader, suposto irmão do meu bisavô que foi para o Brasil em 1910, casado com Nur Karam, que mais tarde herdou o sobrenome Tanuri, como explico no vídeo que mencionei acima. Tudo bate! Mas nada se confirma!

Os Tanuris de Baskinta possuem uma geração a mais que os Tanuris do Brasil. Do meu bisavô até mim, são quatro gerações. Laurice é a quinta geração. O pessoal lá, casam-se e geraram filhos mais cedo. Uma geração a mais em cento e poucos anos me parece normal.

Passei o final de semana com meus novos parentes. Abortei o plano de fazer um tour de bike e no sábado pela tarde conheci mais alguns membros da família. No domingo, prepararam um super banquete! Igualzinho nossa família, viu mãe! Vários pratos e muita fartura! Benza a Deus! kkkk

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Mesa na sala de jantar da família Tanuri, Baskinta. Líbano.

Infelizmente não tive mais contato com o livro de registros de migração e não pude pesquisar mais. Me desculpem famílias Karam e Gerber, vai ficar para a próxima! Espero que compreendam!

Para nós Tanuris, lamentavelmente não consegui ir mais longe. Depois de muito tentar e cair sempre na mesma encruzilhada, achei melhor desistir das perguntas e resolvi curtir o momento junto com eles, assumindo o parentesco. Afinal, não vim de muito longe para nada! kkk Fica a semente plantada! Definitivamente me senti em casa! Passei uma noite lá com todos me tratando muito bem.

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Michel e Charbel (duas crianças), Os irmãos Laurice, Lina e Maroun, eu, a Sra. Hanne,mãe dos irmãos e a prima Dalida Karam. Na casa da família Tanuri em Baskinta, Líbano.

Gostaria de agradecer as minhas primas  Alessandra Tanuri e Leonor Maria Tanuri pelas informações. Elas fizeram a diferença! Agradeço também ao meu Tio João Batista Caetano Filho, ao qual também parabenizo, por ser o autor da pesquisa sobre nossa árvore genealógica. Muito obrigado a vocês!

E viva a TANURADA!!!

 

 

 


 

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20 respostas

  1. Muito legal Aurelio, parabéns!!!
    Vc merece esta felicidade!!!
    E mesa farta é com vc mesmo!!!
    Viva a sua experiência plenamente
    Gde Ab

  2. nossa Tato ! muito forte as emoções de toda sua descrição ;. parecia QUE VCS JA SE CONHECIAM A MUITO TEMPO ! ADOREI A REPORTAGEM …PARABENS VALEU CAMPEÃO BJS

  3. Parabéns Aurelio!!! Fantastico!!! Adorei seu relato!! Nossos avós certamente estariam vibrando com essa descoberta sua!!!
    bjs!!

  4. Hi Aurelio , this is an absolutely moving story for me . When translated and read your lines I started to cry . This is the absolute hightlight your trip , right? I Währe have liked there!
    You look very happy in the pictures !
    Big Hug , Ronny !

  5. Fiquei muito emocionado com seu relato, mais ainda por ser neto de Tanure também de Baskinta que migrou para o Brasil em fins do século XIX, fixando-se em Alegre-ES, além disso fui amante do ciclismo também.

    1. Brimo!!! Desculpe por só responder agora… perdi algumas mensagens que por algum mogivo foram parar na caixa de spam. Um forte abraço e feliz por ter se emocionado. Para continuar seguindo minha volta ao mundo de bicicleta, se inscreva no canal do yputube: aurelio magalhaes!
      Abraço!

  6. Estava procurando pelo brasão da família e encontrei este seu depoimento. Parabéns pela experiência linda! A família Tannure do meu pai vem de Alegre também e toda vez que aparece alguém com esse sobrenome me perguntam se é meu primo…rs. Somos primos distantes com certeza.

  7. Que incrível! Sou neta de José Tanuri, filho de Felício e Sofia Tanuri. Sei que meus parentes vieram de Zahlé me parece, próximo a Balbec. Adoraria saber mais dessa viagem!

  8. Oi, poderia me enviar um email, eu queria saber mais sobre essa história, acho que tenho ligação com ela, por favor, é muito importante para mim!

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