Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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Cicloturismo na Mongólia – Desafios e prazeres lado a lado

TEMPORADA MONGÓLIA –

EPISÓDIO #3 –

Longas distâncias sem Apoio, estradas de chão, hora de pedras soltas, hora de areia fofa, subidas intermináveis, nevascas, vento forte e poeira, temperatura abaixo de zero, e dificuldade de comunicação… Por outro lado, paisagens belíssimas, e um mergulho na cultura local. Tudo isso faz da Mongólia um dos lugares mais desafiadores e magníficos que já pedalei!

O que faz da Mongólia um país desafiador são as dificuldades que surgem simultaneamente. O vento gelado chega com a nevasca ou levanta o poeira, irritando os olhos, nariz e garganta; a estrada de pedra solta ou areia fofa atrasa a viagem, pois exige desmontar e empurrar; o esforço das longas subidas faz transpirar, aumentando a sensação de frio com temperaturas abaixo de 0⁰ C; noites mal dormidas na barraca devido ao frio, ou no chão das casas dos locais; informações conflitantes; dificuldade de comunicação, bicicleta mais pesada com a necessidade de carregar mais suprimentos devido a falta de pontos de apoio; falta de banho ou de um banheiro confortável; necessidade de explicar tudo com mímica ou desenhos, tudo isso gera um estresse que acumula e aumenta muito o cansaço não só físico, mas também mental! No entanto, o que faz o desafio valer a pena e deixa a motivação sempre em alta, são as paisagens revigorantes e o esforço do povo local em ajudar.

Em cada país procuro me adaptar as condições locais para achar o ritmo ideal para pedalar. E quanto mais essa adaptação demora acontecer, maior o risco de meu planejamento furar. Por isso o planejamento é flexível, com metas reajustáveis.

Com a aproximação do verão, os dias vão se tornando mais longos. Começa a clarear pouco antes das 7h e só fica escuro depois das 21:30h. Geralmente estou pronto para pedalar por volta das 8h, e quase sempre a temperatura esta abaixo de 0°. Procuro seguir em um ritmo constante com curtas paradas devido ao frio. Geralmente nem desço da bike para fazer xixi ou comer alguma coisa, mesmo porque não é comum achar um lugar para apoiar a bicicleta. Árvores é raridade por aqui e muitos vezes na hora de fazer uma foto preciso deitar a bicicleta no chão. O horário mais quente do dia fica entre 13h e 17h, mas a temperatura nunca ultrapassa os 10⁰ C. É nesse intervalo que faço uma parada um pouco mais longa para almoçar. Geralmente tenho que trocar a roupa molhada por uma seca para aguentar o frio. Meu cardápio é restrito, já que vegetais e frutas é raridade.

Como não é sempre que tenho acesso a internet, faço minhas anotações sobre o tempo e vou avaliando a situação. Acontece, que sem o perfil altimétrico e todas as dificuldades que já mencionei, nunca se sabe onde se pode chegar. E outra, a pesquisa sobre as condições climáticas é feita em uma localidade, podendo sofrer variações importantes em uma distância de 50 km ou mais. Geralmente atravesso um ou dois passos de mais de 2500 m de altitude no dia, e o clima pode estar completamente diferente do outro lado da montanha, podendo até nevar. Felizmente os locais são muito solidários e adoram receber visitas. A partir da segunda semana, só acampei quando não achei nenhuma moradia por perto. Entendi que é só chegar nos Yurts, as típicas moradias local, e pedir para passar a noite. No final do dia, os moradores estão na lida com os animais. Os machos são separados das fêmeas e em seguida os filhotes são soltos para procurar as mães.

Em nenhum lugar encontrei água encanada. Nas pequenas vilas as casas de banho são pagas. Sinceramente não sei de quanto em quanto tempo os Mongóis tomam banho. As crianças estão sempre sujas!

Na Mongólia, as dificuldades da viagem conviveram lado a lado com os prazeres de cada objetivo alcançado. Uma etapa difícil e prazerosa, onde aprendi um pouco mais a aceitar e conviver com os altos e baixos da vida. Saio daqui com a certeza de que quanto maior a dificuldade, maior o prazer em superá-la.

 


 

A viagem ao redor do globo continua. Suba na garupa e venha comigo nesta aventura!

DA CHINA PARA CASA BY BIKE, compartilhando a viagem enquanto ela acontece! Toda quinta-feira um novo episódio com dicas, curiosidades e o dia a dia de uma VOLTA AO MUNDO DE BICICLETA.

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