TEMPORADA CROÁCIA –
EPISÓDIO #3 –
A Cynthia foi embora e eu deixei Split, rumo ao extremo sul da Croácia, divisa com Montenegro.
Neste trecho, peguei vários dias de sol, praticamente sem vento e temperatura em torno de 12° C. Um sobe e desce dos diabo, mas nenhuma grande montanha. Altitude máxima de 300 metros acima do nível do mar, oferecendo visuais incríveis e bons lugares para armar a barraca. Vale lembrar, que o pôr do sol nesta época do ano, acontece por volta das 16:15h, e com isso, a distância média pedalada no dia, diminui. A temperatura nas madrugadas gira em torno de 0°C ao nível do mar, exigindo eficiência do saco de dormir e das roupas de inverno.
Com as geadas da madrugada, forma-se uma fina camada de gelo deixando o asfalto escorregadio. Esse fenômeno é conhecido como “black ice” ou “gelo negro”. Vicent teve a infelicidade de derrapar em um desses pontos congelados e felizmente sofreu apenas escoriações leves.
Casualmente encontrei os franceses Florian e Vicent. Eles fizeram um tour pela Europa com bicicletas elétricas, e nosso encontro possibilitou a oportunidade de entender melhor, quais eram as vantagens e desvantagens da bicicleta elétrica na hora de viajar. E mais que isso, naquelas próximas semanas, nascia uma amizade com fortes traços de irmandade.
Viajar com bicicleta elétrica representa vantagens evidentes quando o assunto é velocidade média e esforço. No entanto, Florian e Vicent exercitam a paciência por até 3 horas e meia para recarregar as baterias da bike no melhor horário do dia para se pedalar. Meus novos amigos pedalam praticamente sem paradas no período da manhã, param para recarregar quando acham tomadas, perto de 50 km pedalados, e depois voltam a pedalar apenas para encontrar um local seguro para passar a noite. É muito tempo parado. Principalmente no inverno. Eles reconheceram essa desvantagem de ter obrigatoriamente que carregar as baterias. Tanto é verdade, que Florian iniciou um novo projeto de volta ao mundo com bicicletas normas dois anos depois que finalizou essa viagem.
Em Dubrovinik, separei dos meus amigos para nos reencontrar dois dias depois mais ao sul. Dubrovnik, conhecida como a “pérola do Adriático”, é uma das cidades mais visitadas da Croácia, cercada por prainhas paradisíacas, montanhas, fortificações e muralhas. A cidade velha mistura a arquitetura medieval, barroca e renascentista, que aliados aos diversos monumentos e edifícios históricos, lhe rendeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco em 1979. Vale a pena descansar e conhecer a incrível atmosfera das suas escadarias. A dica em relação a Dubrovinik fica por conta da hospedagem. Busque um lugar com fácil acesso para a bicicleta. Eu sofri que só o diabo! Fica a dica!
Em Mikulici, o Sr. Marcos, membro do Warmshowers, proporcionou um encontro incrível, hospedando, Eu, Florian e Vicent da França, Marc e Eric da Alemanha e James da Inglaterra. A identificação foi imediata, e os dois dias que passamos juntos, entre cervejas churrasco e histórias, sugeriram uma saída em comboio.