TEMPORADA GRÉCIA –
EPISÓDIO #3 –
Depois de alguns dias parado em Thessaloníki, me juntei aos novos amigos alemães Marc e Eric, e decidimos seguir juntos até Istambul. Já havíamos passado muito tempo juntos e durante os primeiros dias de pedal nos entrosamos bem e conseguimos estabelecer uma rotina bastante interessante. Não tivemos nenhuma discussão grave. Geralmente nos entendemos com uma conversa franca quando os pontos são divergentes ou quando temos que tomar uma decisão importante.
Sem hora para acordar, iniciamos o pedal perto das 11h, na parte mais quente do dia, depois de um reforçado café da manhã. Pão, queijo, manteiga, nutella, manteiga de amendoim, cereais, frutas, iogurte, café ou chá.
Durante o dia a temperatura varia entre 11 e 20° C, e o vento muda constantemente de direção, sempre em torno de 4 m/s. Quando está a favor, pedalamos cerca de 65 km por dia, quando está contra, a quilometragem fica em torno de 50 km.
Sempre fazemos uma parada para comer alguma coisa e tomar um café. É assim que nos conectamos com os locais que sempre são hospitaleiros e receptivos, um tanto quanto diferentes dos truculentos Atenienses. Às vezes o café, sai na faixa. Às vezes ganhamos umas guloseimas, almoço de verdade, ou um bocado de Uzo ou Raki, os aguardentes tradicionais dos locais. Aliás o café sempre vem acompanhado com uma generosa dose de um deles!
No final do dia, buscamos um mercado. Sempre compramos somente aquilo que iremos consumir no jantar e café da manhã. Na maioria das vezes o rango é ótimo! Esbanjamos nas verduras e legumes. E nunca falta o que para mim os gregos tem de melhor: azeite, azeitonas, queijos, berinjela e abobrinha.
Choveu bastante na Ilha de Samothraki, e decidimos ficar por mais um dia. Quando a chuva parou, depois de gastar algumas horas com a minha varinha sem dar nenhuma beliscada, perdi a paciência, peguei uma rede que estava jogada no porto e fui buscar Marithias, um típico peixinho da região, muito apreciado pelos locais, que se come da cabeça ao rabo. Bem fritinho fica bem gostoso! Pegamos mais de 50! Foi a nossa mistura da noite!
Durante as noites a temperatura gira em torno de 5 °C nesta época do ano. Sempre buscamos um lugar coberto para podemos dormir sem precisar armar a barraca. Só montamos acampamento quando não temos opção. Às vezes a opção é um tanto quanto incomum, como casas abandonadas ou oficina mecânica por exemplo!
Em Cavala, uma cidade portuária com cerca de 65 mil habitantes, ficamos hospedado na casa de Luke, via Wharmshower´s. Ele mora em um apartamento e nossas bicicletas ficaram trancadas no hall de entrada do prédio. Na hora de montar a bicicleta para ir embora, notei que as hastes que conectam o bagageiro ao quadro da bike, haviam sido roubadas. Uma parte vital da bicicleta que sem ela, é impossível progredir. De um dos lados, um mecânico de motos conseguiu instalar um cano de alumínio que me pareceu bem resistente. Do outro lado, coloquei um pedaço de alumínio um tanto quanto frágil. Mas na verdade a adaptação correspondeu bem e essa gambiarra acabou se tornando definitiva.
Mesmo com esse triste episódio, fica aí minha recomendação: A Grécia é um país maravilhoso com um povo super hospitaleiro… e a comida é dos Deuses!!!! Vale muito a pena pedalar e conhecer!
No próximo episódio, vamos juntos para a Turquia!