Está difícil progredir na Índia! Além do forte calor que atinge 46° C, uma série de fatores me impedem de desenvolver o ritmo que gostaria.
Primeiro foi a atração magnética que tive com Varanasi! Só fui embora de lá quanto tive a certeza de ter visto o suficiente! Cidade que me trouxe sentimentos antagônicos! Quase amor e ódio, manja! Uma cidade intensa, colorida, com ritmo alucinante, ruelas, palácios e templos medievais, e um povo regido pelo misticismo e mistérios da religião hindu, que me faz adorá-la.
Ao mesmo tempo, por ser suja, barulhenta, e exibir alguns costumes fora do meu padrão, me faz detestá-la. Fotogênica, parece se exibir a cada esquina! Suja, capaz de afundar meu pé na merda de vaca por 3 vezes buscando um ângulo ideal para fazer a foto! É merda para todo lado! Até de gente! Uma cidade capaz de te transportar para outra dimensão, com o cheiro de incensos vindos dos templos, e te trazer de volta no mesmo instante com o cheiro de merda e mijo dos cantos das ruelas que são usados como banheiro público, ou pela buzina do motoqueiro apressado que te faz pular assustado com as finas que eles tiram!
A paz dos templos também se contrasta com a chatice de vendedores insistentes que não te deixam em paz por um minuto! A comida, cheirosa e apetitosa é trazida pelo garçom que acabou de urinar lá fora. Com a boca cheia de saliva, devido ao fumo com outras porcariadas que todos mascam por aqui, ele vai falando e metendo o dedo na comida para dizer o que é o que (não dá para entender nada! É muita saliva! Muita gente masca esse treco e as marcas vermelhas de cusparadas são notórias em todo canto),… e passa o dedão na boca da garrafa de coca-cola, como se estivesse limpando, te sorri ingenuamente, deixa a coca lá e vai dar uma cuspida!
O garotinho que chega sorridente parecendo ingênuo, que no fundo está armando uma armadilha para te aplicar um golpe ou oferecer algum serviço ilícito. “Anything”, eles dizem…
Os “homens santos” e as mulheres vestidas com saris coloridos traz um colorido gostoso e atraente, capaz de me deixar horas sentados nos gaths, apreciando e fotografando, com um fio de indignação ao acompanhar cada mergulho de purificação no poluído rio Ganges.
Explicando tudo isso para minha mãe ao telefone ela soltou um: “Nossa Aurélio, você está chocado, né filho?” E ela me conhecendo muito bem, usou uma palavra que explica tudo! Eu fiquei tão chocado com Varanasi, que esse sentimento se transformou em algo magnético, me fazendo adiar a saída por vários dias.
No entanto saí no dia certo! O templo nublado, vento a favor, e terreno incrivelmente planos me permitiram cumprir a distância de cerca de 130 km entre Varanasi e Allahabad, em pouco menos de 6 horas de pedal. Foi um dia gostoso! Até caiu uma chuvinha leve para refrescar! Tive tempo para descansar e conversar com vários locais.
Cheguei em Allahabad me sentindo bem e disposto! O plano era conhecer um castelo no período da manhã e seguir viagem no final da tarde. Mas o passeio acabou sendo muito desgastante e resolvi adiar a saída para o outro dia. Agora, uma dorzinha de garganta me fez atrasar a saída novamente. Acordei no meio da madrugada com a garganta raspando! Como o calor está exigindo bastante, achei melhor cuidar primeiro antes de continuar.
Já me mediquei e espero estar melhor e seguir viagem amanhã.
2 respostas
Adorei ler essa parte…me.fez.rir.muito….:)
Coninue na garupa Cica, saudade 1000 de vc!