De Bologoye até Valday, pedalei em uma estradinha secundária bem tranquila, beirando rios, lagos, florestas e cruzando algumas vilas abandonadas. Meu objetivo do dia era conhecer o monastério de Valday, que fica em uma ilha no meio do lago que banha a cidade e achar um lugar para acampar por ali. Chegando lá, parei na ponte que da acesso a ilha, onde alguns locais tentavam a sorte em uma pescaria. Sempre estou atento à possibilidade de incrementar o meu jantar. Carrego um kit de pesca com iscas artificiais. Enquanto sondava a pescaria, dois meninos, atraídos pela minha bike vieram conversar comigo.
Filipp e Nikita, de 12 e 14 anos, passeavam pelo ilha com suas bikes e mesmo com um vocabulário limitado, se esforçaram bastante para me ajudar. É o que sempre digo! Quando existe boa vontade, dá-se um jeito de se comunicar. Com poucas palavras ditas em inglês, estabelecemos um diálogo suficiente para nos entender. De vez em quando usamos o tradutor do celular.
Crianças adoráveis! Quando acabei a visita no monastério, me indicaram um lugar para reabastecer minhas caramanholas, comprar comida e acampar. Comprei pão e queijo cottage na lojinha do monastério, que temperei com pimenta do reino, cebola picadinha e azeite. Os meninos, depois de me ajudarem a levantar acampamento e tentar achar minhocas para pescaria, se deliciaram com meu jantar.
A pescaria foi um fracasso. Mas a noite foi ótima. No outro dia, os dois me aparecem 7 da manhã com suco e maçãs e cheios de apetite pelo meu queijinho temperado. Estava uma delícia mesmo! Me levaram para um rápido tour em Valday e nos despedimos. Eu adoro encontrar locais pelo caminho, mas quando se trata de crianças, fico ainda mais feliz! Criança é certeza de sorriso e alegria! Uma curiosidade sadia, sem interesse!
Cai de novo na auto-estrada e o pedal voltou a ser chato. Mas em uma viagem de bike, embora tudo possa parecer repetitivo, nunca um dia é igual ao outro. Sempre acontece alguma coisa que tempera a viagem. Depois de parar em um restaurante de beira de estrada para recarregar GPS e celular, segui viagem sem muita empolgação, tomando um cuidado danado com os caminhões, pois vez ou outra o acostamento ficava bem estreito.
E foi parado no acostamento que encontrei Bogdan consertando o pneu furado de sua bike. O sérvio, também seguia para St. Petersburgo e depois para a Finlândia, onde pretende arrumar emprego. Conversador, daqueles que fala mais que a boca, acabou sendo um boa companhia para acampar e viajar até Veliky Novgorod no outro dia pela manhã. Chegamos a cidade perto do meio dia. Ele se foi, eu fiquei, com a intenção de conhecer uma das cidades mais importantes do leste europeu na era medieval.