Minha primeira parada na Espanha não poderia ter sido melhor! Fui hospedado por Maria e Zigor em Aretxabaleta, uma pequena cidade no norte da Espanha que fica espremida em meio a um lindo vale montanhosos. Cruzei duas vezes com o casal. A primeira na Tasmânia e depois na Nova Zelândia. A história do nosso primeiro encontrou quase se transformou em uma tragédia. Fui recebido por um membro do warmshowers e quando estava levantando acampamento para partir, eles chegaram. Foi um encontro rápido, pois logo depois parti! Só no segundo encontro, quase 2 meses depois, onde compartilhamos um jantar e boas conversas em outro warmshowers, foi que soube do que havia acontecido naquele dia. Um forte incêndio ocorreu na floresta nas cercanias, e com a mudança repentina da direção do vento, o fogo voraz, exigiu muito empenho dos moradores para ser controlado.
Maria e Zigor viajaram de bicicleta por mais de 3 anos. Agora, Maria está grávida, e o casal aguarda ansiosamente a chegada do bebê para quem sabe, cair na estrada novamente. Enquanto isso, eles vão recebendo visitas! Enquanto estive com eles, conheci dois casais de amigos. Um deles, já viajam de bicicleta por 8 anos!
Usufruindo do conforto que meus amigos me proporcionaram, tive tempo de refazer os cálculos e reajustar meu roteiro em direção a Portugal. Definitivamente, os 90 dias de permissão de permanência na Europa passou a ser um grande problema! Com isso, no primeiro instante abortei a viagem pelo Caminho de Santiago de Compostela. Apenas fiz alguns trechos do Caminho que coincidiram com o meu trajeto. Essa volta levaria no mínimo 10 dias a mais! Alguns dias mais tarde, ainda abortei minha ida para Porto (Portugal), rumando direto para Lisboa.
Fiquei mais triste com o Porto do que com Santiago de Compostela. Eu gostaria de fazer o caminho de Santiago andando, acho mais original! Já a cidade do Porto, é uma cidade que já conheço e gosto bastante! Vai ficar para a próxima!
Segui na Espanha em direção a Portugal alternando grandes cidades e pequenas vilas, margeando a auto-estrada na pacata e monótona rodovia N1, ou me aventurando por caminhos secundários quase sempre de terra. A essa altura, o número de quilômetros pedalados por dia passou a ter prioridade máxima! Não foram raros os dias que fiz mais de 100 km.Depois de um dia de chuva, me deparei com um lamaçal que ficou ainda mais pegajoso com as folhas das árvores se precipitando devido ao outono. A cada poucos metros tinha que parar para limpar as engrenagens e os espaços entre os pneus e o para-lamas. A massa pegajosa e escorregadia e o peso da bike dificultaram muita a minha transposição.
Quase sempre, cheguei em meu destino já na boca da noite. Uma parte da manhã seguinte era reservada a um tour na cidade pernoitada, e sentava o pé para ir o mais longe possível no período da tarde! Sempre contando com a ajuda dos sites de hospedagem ou contando com a sorte do “Deus dará” para achar um lugar para armar a barraca.
A sorte colocou algumas pessoas em meu caminho que facilitaram um pouco minha vida! Uma delas foi uma brasileira gente fina que conheci em um restaurante na beira da estrada. Jose ativou sua rede de contatos e encontrou Paula, outra brasileira que vive em Salamanca. Ela não estava em casa, mas me deixou nas mãos de seu marido Joaquim, que foi super hospitaleiro!
Outro encontro interessante foi com o francês Nicolas, que viaja de bike com um cachorro e três pranchas de surf! Uma figura! Temos uma boa parte do roteiro em comum e quem sabe nos encontraremos lá na frente!
Carlos Roa foi outro amigo interessante que fiz via site de hospedagem. Além de me instalar confortavelmente em sua casa, agilizou um tour, uma visita ao mais típico restaurante da cidade e ainda uma entrevista no jornal que circula na região de Burgos.
O tempo deu uma firmada e sempre que não consegui hospedagem acampei. A temperatura durante as noites nunca foram menores que 5°C, porém, muito úmidas.
Infelizmente o ritmo do passeio na Espanha não foi como eu gostaria. Se tivesse mais tempo certamente aproveitaria mais! Mesmo assim, teve muita coisa legal! Abaixo segue algumas fotos que ajudam a contar um pouco de como foi esses caminho.
Ainda com pressa…. é bicicleta né bicho?! Por mais que você corra, nunca é muito rápido, não é verdade? Por isso consegui provar e matar a saudade da gastronomia espanhola. Porco, cabrito, coelho, peixes e é claro, muitos embutidos como salames, copas, lombos e é claro o Jámon…
Ainda na correria, vamos juntos desbravar o último país do continente europeu em que o Projeto da China para Casa by Bike vai visitar! Portugal, aí vamos nós! Hora pois!!!!