Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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Cicloturismo na Mongólia – A importância da pesquisa e do planejamento no cicloturismo

TEMPORADA MONGÓLIA –

EPISÓDIO #2 –

Essa história de viajar sem planejamento por uma região desconhecida não é comigo! Sim, me considero um aventureiro, mas um aventureiro que calcula riscos, e não um destemido. Procuro usar as informações e a tecnologia ao meu favor! Lógico que tem dias que não é possível fazer pesquisas na internet para saber a previsão do tempo ou para que lado o vento vai soprar, no entanto, sempre que posso, uso a Internet, pergunto para os locais, verifico o GPS, abuso da minha própria experiência, e fico atento a qualquer sinal da natureza… Tudo isso, para gerenciar e minimizar os riscos e “sofrer” o mínimo possível. Mesmo assim, não descarto ser pego de surpresa. O negócio é ficar sempre alerta! Principalmente em lugares que você não conhece!

A ideia, é pedalar cerca de 1500 km em 4 semanas saindo de Ulan Bator, a capital da Mongólia, até o maior lago mongol, o lago Uvs, no norte do país, que permanece totalmente congelado boa parte do ano, e retornar a Ulan Bator, por um caminho distinto. No entanto, frequentes nevascas, estradas de terra sem estrutura em péssimo estado de conservação, poucos pontos de apoio, e muitas outras variáveis podem gerar atrasos significativos, e comprometer o cronograma planejado. Outro fator relevante é que a Mongólia possui a menor densidade populacional do mundo com menos de 2 habitantes por km², o que deixa a certeza de não poder contar muito com ajuda em caso de necessidade.

Depois que deixei o asfalto, encontrei alguns nômades guiando uma tropa de cavalos e cruzei com apenas dois ou três veículos. Antes de deixar a capital, comprei gás para cozinhar, algumas velas e álcool para servir de mecha para fazer fogo, e organizei minhas provisões com comida, água e roupas de frio. Por outro lado, deixei alguns equipamentos e roupas de verão, eliminando os alforjes dianteiros, já que voltaria a cidade antes de deixar o país.

Com as pesquisas na internet, sabia que teria 4 dias para percorrer cerca de 200 km até Zaamar, já que uma forte nevasca estava prevista. Chegar lá antes da tempestade era questão de vida ou morte.

A Mongólia é um planalto com 1500 metros de altitude em média, e teria que cruzar várias montanhas acima dos 2500m onde o frio é extremo. Neste trecho, as temperaturas nunca ultrapassaram 10°C durante o dia, e durante a noite chegou a 20°negativos. Tive muita dificuldade em dormir na barraca, chegando a passar duas noites em claro devido ao frio e a tempestade de areia que invadiu a barrada dificultando a respiração irritando os olhos e a garganta.

A pesquisa e o planejamento são importantes para dar confiança para seguir em frente, no entanto, em se tratar de viagem de bicicleta, é quase certo que algo vai sair fora do esperado. Por ser uma estrada nacional, esperava uma pista de terra em boas condições, mas o que encontrei foi uma estrada hora de areia fofa, hora de pedras soltas, me forçando a empurrar nos dois casos. Isso, quase comprometeu meu planejamento. Cheguei em Zaamar bem perto do pôr-do-sol, que nesta época do ano acontece pouco depois das 9 da noite. A tempestade chegou de madrugada! Não sei o que seria se estivesse na barraca. Esse susto me fez rever o roteiro e o cronograma para o restante da viagem.

Zaamar é um pequeno vilarejo ao lado do rio Tuul, onde existe uma das poucas pontes para cruzá-lo. Um posto de gasolina, duas vendas, um pequeno restaurante, algumas lojas de peças para veículos e alguns “yurts”, é tudo que a vila possui. Felizmente, a filha do dono de uma das vendas falava inglês e conseguiu arrumar um “yurt” para eu esperar o mal tempo passar. A tempestade veio forte, juntamente com uma nevasca que deixou o vilarejo 30 horas sem energia.

 


 

A viagem ao redor do globo continua. Suba na garupa e venha comigo nesta aventura!

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