Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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Cicloturismo na Grécia – Atenas e os Refugiados Sírios

TEMPORADA GRÉCIA –

EPISÓDIO #1 –

Quando me separei dos franceses, 523 km me separavam de Atenas. Neste trecho, enfrentei fortes ventos, longas montanhas e noites com temperaturas abaixo de zero. Nesta época do ano os dias são curtos, e foi preciso fazer uma média de quase 90 km por dia para cumprir o planejado. Atropelei algumas atrações interessantes e engoli a seco os conflitos entre a necessidade e o desejo de seguir em frente e a vontade de parar e conhecer melhor alguns lugares e pessoas.

Quando cheguei ao litoral, as temperaturas e ventos se amainaram, e era possível sentir o cheiro cítrico dos limoeiros e laranjeiras. Para ganhar tempo e agilidade, ao invés de montar a barraca, dormi na rede, fazendo o tempo gasto para levantar acampamento cair consideravelmente.

Chegar em Atenas, como em qualquer cidade grande é um pouco complicado. Me perdi e tive que resolver as coisas meio que no braço!

Fiquei hospedado na casa de Dimitri, membro do Warmshowers. Cheguei e no outro dia fui encontrar a minha família que estava vindo passar férias na Espanha, e quando voltei, ainda permaneci uma semana em sua casa. Quando saí do Brasil, em novembro de 2013, me despedi com a expectativa de ficar apenas 6 meses viajando. No entanto, lá se iam 28 meses de estrada!

Como não poderia ser diferente, ficar longe da família é um dos maiores desafios em uma longa viagem como a minha. Se por um lado essa sensação de liberdade me dá prazer, por outro, convivo diariamente com uma certa angústia por estar tanto tempo longe daqueles que amo!

Desfilamos a nossa irreverência como turistas convencionais pelas ruas espanholas, brincamos, rimos, nos divertimos a beça! Trocamos carinho e colocamos o papo em dia! Comemos e bebemos muito bem!

Antes de voltar para Atenas, ainda passei uns dias na casa de Jordi, aquele amigo que pedalou comigo na Nova Zelândia, Alemanha, Itália, Marrocos e Mauritânia. Foi muito bom conhecer sua família e é claro, mais um pouco da adorável gastronomia catalã.

De volta a Atenas, fiz alguns passeios, uma revisão na bicicleta e ainda fortaleci a amizade com Dimitri. Ele me levou para conhecer alguns bares e restaurantes e praticamente todas as noites jantamos juntos. O cara veio de São Francisco nos EUA para cá de bike e atravessou o Atlântico em um veleiro. Aprendi muito com ele.

Dimitri estava ajudando os refugiados sírios, passamos uma madrugada toda trabalhando como voluntários no Porto de Pireu, quando 600 refugiados acabara de chegar à capital grega. Distribuímos refeições, água, colchões e cobertores, roupas, sapatos e produtos de higiene. Pude sentir novamente aquela sensação gostosa de poder ajudar a quem precisa! A mesma sensação que tive no Nepal, quando vivenciei a pior experiência da minha vida no terremoto de abril 2015. Ajudar por ajudar! Doar conforto e carinho aos que estão desamparados. Simples assim!

É triste ver pessoas que abandonaram todos seus entes e pertences para fugir da guerra. Fisionomias tristes e preocupadas. Uma expressão de angústia no rosto de cada um. Sair correndo de casa sem saber direito para onde ir…Medo! Fiquei pensando onde a sorte de cada um deles os levará! E é claro… agradeci de todo o meu coração a oportunidade de estar escolhendo meu próprio caminho!

 


 

A viagem ao redor do globo continua. Suba na garupa e venha comigo nesta aventura!

DA CHINA PARA CASA BY BIKE, compartilhando a viagem enquanto ela acontece! Toda quinta-feira um novo episódio com dicas, curiosidades e o dia a dia de uma VOLTA AO MUNDO DE BICICLETA.

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