TEMPORADA ISRAEL –
EPISÓDIO #1 –
As diferenças entre Israel e a Palestina são enormes, e não apenas no quesito religião. Enquanto Israel é multicultural e desenvolvida, podendo ser comparada aos padrões europeus, a Palestina parece ter parado no tempo, estancada na eterna ilusão de se tornar independente. O nível sociocultural, a língua, a vestimenta, a gastronomia, enfim… Praticamente não existe semelhanças entre estes dois vizinhos que ocupam a Terra Santa. Talvez, o único ponto em comum seja o ódio sustentado entre eles.
Eu estive dos dois lados, e sempre notei esse sentimento quando um se refere ao outro.
São grandes também as diferenças entre Jerusalém e Tel Aviv. Os próprios israelenses referem-se a Tel Aviv como uma bolha dentro de Israel. Moderna, democrática e menos conservadora, a cidade é o centro econômico e cultural do país. Com cerca de 450 mil habitantes, a segunda maior cidade do país foi fundada apenas em 1909 e está situada na costa do Mar Mediterrâneo. Organizada, com prédios modernos e avenidas, a cidade possui uma vida noturna bastante agitada, com destaque para a comunidade LGBT.
As praias são lotadas de gente jovens e bonitas, e atraem muitos adeptos do surf. A cidade antiga de Jaffa, encontra-se na parte sul da metrópole, ostentando o título de uma das mais antigas cidades portuárias do mundo. Na verdade, o único lugar na cidade que me remeteu ao passado, com ruelas e escadarias espremidas entre construções típica de pedra.
Jerusalém é uma cidade única e ao contrário de Tel Aviv, é uma das cidades mais antigas do mundo. Berço do judaísmo e do cristianismo, e um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos, a cidade abriga outras várias tendências religiosas.
A Cidade Antiga ao mesmo tempo em que se revela incrivelmente espiritual, possui uma aura segregada, dividida em quatro bairros: árabe, cristão, armênio e judeu. Mundos completamente diferentes que convivem lado a lado. Mas é justamente essa diversidade cultural que faz de Jerusalém um dos lugares mais especiais que já visitei.
As barreiras físicas impostas por detectores de metais, revistas e policiais fortemente armados, não são capazes de tirar o brilho da cidade, mas confesso que é impossível sentir-se 100% seguro por lá.
Enquanto perambulei sem destino pelas ruelas da Cidade Antiga, me sentindo hora perplexo e hora encantado, pude refletir sobre a minha própria visão sobre religião e todos os preconceitos que carrego comigo! É claro que não vou polemizar emitindo a minha opinião, mas, ao mesmo tempo que me comovi observando a fé das pessoas, confesso que ver a intensidade de tudo aquilo me causou estupefação.
Por não ser muçulmano, não pude visitar algumas áreas do bairro árabe, pois minha visita coincidiu com o Ramadã.
Barbudo e com fortes traços árabes, fui tratado rudemente em alguns lugares dominados pelos judeus. Minha mochila foi revistada várias vezes e tive que passar por vários detectores de metais em inúmeros checkpoints.
Devido ao atentado que mencionei no episódio passado, quando um míssil foi disparado na região, a estrada para Hebron, na Palestina, foi fechada, pois a área entrou em alerta militar.
Esse acontecimento, tirou um pouco do encantamento em visitar a Terra Santa, no entanto, de uma maneira geral, foi muito positivo estar em contato direto com as diferentes etnias religiosas, e ter a oportunidade de entender melhor suas diferenças. No próximo episódio vamos cruzar o desafiador deserto de Negev até Éilat, onde apliquei o visto para o Egito.