Aurélio Magalhães – Da China Para Casa by Bike

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Cicloturismo na Turquia – Da Capadócia ao Mediterrâneo – Festival dos Nômades em extinção

TEMPORADA TURQUIA –

EPISÓDIO #4 –

O pedal entre a Capadócia e o Mediterrâneo, foi sem dúvida o trecho mais legal da Turquia se tratando de visual. Finalmente as monótonas paisagens de plantações deram lugar a uma região de montanhas rochosas com picos nevados, florestas de pinheiros, vales e plantações frutíferas. Com esse relevo, tive que me superar escalando seguidas montanhas, e vento contra. No entanto, no final, me deliciei com uma longa descida com mais de 1300 metros de desnível.

Quanto ao trânsito, os trechos mais complicados estão entre as cidades de Ulukisla e Pozanti (estrada D750), e entre Tarsus e Mersin (estrada D400). O restante das estradas são relativamente tranquilas.

Sozinho, procurei manter o foco e seguir com o mesmo padrão que adotei desde o primeiro dia de viagem pela Turquia. Não ter hora para levantar, tomar um café da manhã reforçado, fazer várias paradas e interagir com os locais, estar seguro com as provisões para poder parar em qualquer lugar, e contar com uma mistura entre estratégia e sorte para conseguir um lugar seguro para passar a noite.

Quando cheguei em Tarsus, enquanto usava a conexão wi-fi em um shopping para avaliar as condições do clima e fazer contato com os membros do Warmshowers, encontrei Hookah, um simpático universitário apaixonado por bicicletas, que foi logo abrindo o leque e mostrando a típica hospitalidade turca. Meu novo amigo, encantado com a minha empreitada, além de encontrar um lugar seguro para eu passar a noite, apareceu cedo no outro dia, me ajudou a levantar acampamento e fez questão de me levar para comer um Hommus da café da manhã, um dos pratos mais famosos da região.

Com cerca de 1 milhão de habitantes e situada as margens do Mar Mediterrâneo, Mersin foi palco de mais uma grande experiência da viagem. Através de Nuzhet que me hospedou via Warmshowers, tive a chance de participar do Festival Nacional dos Nômades, que acontece todos os anos, dias antes da migração para as montanhas mais altas. Nuzhet é professora universitária, amante da bicicleta e envolvida em causas sociais. Querida por todos, minha anfitriã ajuda organizar o Festival, e luta contra a extinção da comunidade que conta com apenas 16 famílias. Nuzhet também me convidou para fazer uma entrevista ao vivo na rádio universitária, onde pude compartilhar algumas curiosidades sobre a viagem.

O festival é na verdade, uma grande festa de despedida, já que cada família segue para um lado e só se reencontram no próximo inverno. Fomos muito bem recebidos pela comunidade. Todos vinham até nós para tentar um diálogo e oferecer as boas vindas. De alguma forma, parecia que eles se divertiam mais com a nossa presença do que nós com o festival. É uma festa muito simples.

O local fica em um descampado entre as montanhas no meio do nada. A cozinha é ao ar livre e usa-se lenha. O abastecimento de água é feito por um caminhão pipa. Um gerador barulhento é a única fonte de energia e só abastece o palco. Uma brincadeira em volta de uma enorme fogueira deu início ao festival. Um tipo de pega-pega onde o pegador tenta surpreender usando a fogueira como aliada em um círculo formado pelos participantes que delimita a área. Uma corneta e um bumbo ditam o ritmo…

Dezenas de quilos de grão-de-bico, feijão branco com pedaços de carne de carneiro e pão, são preparados e oferecidos gratuitamente. Também teve shows musicais e apresentações de danças típicas. Houve o momento da fé e agradecimento na tradicional leitura do alcorão.

As crianças tiveram sua vez nas competições de arco e flecha e luta. O ponto alto da festa foram as competições de tosa de ovelha, corrida de burros, o mais belo animal e a tenda mais caracterizada. Os primeiros colocados são premiados com dinheiro e pequenas barras de ouro.

 


 

A viagem ao redor do globo continua. Suba na garupa e venha comigo nesta aventura!

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